domingo, abril 23, 2006

Malásia, Kuala Lumpur & Langkawi - 01 a 09 de Março 2006

Tenho visto muito pelo mundo fora e continuo a surpreender-me com os países que visito... Perguntam-me frequentemente, em jeito de afirmação, «já conhece o mundo todo, não?!».

De facto, o mundo não é assim tão grande... pelo menos as personagens de Júlio Verne deram-lhe a volta em apenas 80 dias e há quem o faça hoje em pouco mais um ou dois dias. Mas a verdade é que há sempre algo mais que conhecer... E a a minha resposta não podia ser outra... «o mundo é muito grande»... E é mesmo!

Por mais portugueses que encontre em qualquer um dos seus quatro cantos, por menos horas que façamos para o circunscrever, há um sem fim de novos destinos surpreendentes para visitar. Este foi o mote para a minha viagem à Malásia com mais um grupo de incentivo. E surpreendi-me.

A chegada ao Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur deixa antever a vanguardista tecnologia e arquitectura arrojada que vamos encontrar na capital malaia. A viagem entre terminais é feita em monorail. Depois do controlo de passaportes e da recolha das bagagens, eis que somos bafejados por uma imensa lufada de ar quente e húmido, ao abrir das portas automáticas que dão para o exterior do aeroporto.

Podia bem chamar-se Aeroporto Internacional de Sepang, tal é a distância que está de Kuala Lumpur... Uma enorme mancha cerrada de coqueiros domina a paisagem. Aliás, são uma das bases da agricultura e indústria local, servindo inclusivamente como importante fonte energética.

Após cerca de hora e meia de caminho começamos a avistar a gigantesca Torre KL e as famosas Torres Petronas, entre os demais edifícios. O sol começa a desvanecer e a noite a cair sobre a cidade, que ganha cor na luz de stop dos carros e nos holofotes que iluminam os arranha-céus.

O centro empresarial de Kuala Lumpur (CBD - Central Business District) é também o pólo turístico da capital, onde encontramos os melhores hotéis, restaurantes, bares e discotecas. Aliás, é uma excelente combinação entre a influência ocidental e a cultura oriental.

Os edifícios são brilhantes e raramente adjuntos uns aos outros, como se de autênticos monumentos que merecem o seu próprio espaço se tratassem. A sua arquitectura merece ser vista nas diversas perspectivas das suas faces.

As ruas paralelas e perpendiculares simplificam a orientação, que de resto é ainda mais facilitada pela altura das Torres Petronas ou da Torre KL. A cidade é rasgada pelo monorail, cujas estações são identificadas por imagens de marca internacionalmente reconhecidas (ex. Coca-Cola).



Este sentido prático e de comunicação directa contrasta radicalmente, por exemplo, com a cultura japonesa, muito mais fechada e menos virada para o turismo externo. Este foi um dos aspectos que mais me surpreendeu na Malásia, a comunhão entre o civismo, inovação, visão de futuro e arte de comunicar e receber.

Os centros comerciais são simplesmente... teralómanos, imensuráveis!! Qual Colombo, Galerias Lafayette, Harrods ou Bloomingdale's!?! São incomparavelmente maiores e de dimensões que nunca antes vi em parte alguma do mundo. Uma verdadeira excentricidade, que veio ocupar os tempos livres dos habitantes de Kuala Lumpur.

Mas a cidade não se esgota em edifícios brilhantes e espaços futuristas, pelo contrário... Como referi, é uma excelente comunhão entre o mais típico do oriente e o mais arrojado do mundo ocidental.

Um passeio de monorail é a melhor forma para compreender esta simbiose, como se de uma apresentação de slides se tratasse. Uma das imagens que mais me marcou nesta viagem de monorail pela cidade foi observar os estreitíssimos prédios de habitação social, onde vivem famílias inteiras em pouco mais de 30m2 ou 40m2, mas com um delicioso pormenor... Imagine-se... televisões plasma fixadas à parede, numa lógica de poupança do espaço.

A cidade expande-se de forma circular. Aliás, é nos arredores que se encontram os edifícios históricos, os palácios e monumentos mais significativos.

Obrigatória a passagem pela Chinatown. Não tem a dimensão da Chinatown de S. Francisco ou de New York. É até bem diferente de todas as que conheço espalhadas pelo mundo fora, extremamente organizada, ao abrigo de uma cobertura estilizada, em acrílico e metal, que se prolonga de uma ponta à outra da sua rua principal deste bairro chinês.



O legado colonial inglês é ainda evidente em Kuala Lumpur, como atestam os diversos espaços relvados, os parques da cidade ou mesmo o clube de golfe (Royal Selangor Club), às portas do CBD e de fronte para o ex-Secretariado Colonial britânico e a antiga Estação de Caminhos-de-Ferro.



Esta estação está, de resto, intimamente ligada à história da cidade, uma vez que assegurava o transporte de minérios, responsáveis pelo desenvolvimento e crescente importância de Kuala Lumpur. Na verdade, não havia motivo aparente para que a cidade se tornasse relevante à escala nacional, uma vez que não tinha acesso directo ao mar (como Malaca, por exemplo) e tão pouco dispunha de grandes riquezas. A verdade é que o comércio fez dela uma cidade exuberante!

A ilha de Langkawi fica a apenas uma hora de distância de Kuala Lumpur. A vista do avião é soberba, sobressaindo desde logo os reflexos azuis e esverdeados das águas que banham as suas praias e costa.

Trata-se de uma ilha não maior do que a Madeira, embora de relevo pouco acidentado (apenas mais irregular a norte), predominando as praias na costa e os campos no interior.

Ainda assim, dispõe inúmeros recursos naturais que a tornam extremamente atractiva e sedutora, como é o caso das cascatas a noroeste; dos ilhéus e recifes de corais ao largo da ilha, a sudeste; dos fantásticos mangues a norte; ou das paradisíacas praias, dispersas um pouco por toda a ilha.

Particular destaque para as enseadas a Norte e Nodeste de Langkawi, cujas águas e praias são de facto deslumbrantes, convidando a tranquilos banhos de sol e de mar ao som do silêncio...



Uma dessas praias é a da Baía de Datai, banhada pelo mar Andaman, no sope da mata tropical que domina a serra de Macincang. Não é por acaso que aqui se encontram disfarçadamente dois dos melhores resorts da ilha: The Datai Langkawi e The Andaman Langkawi.

Outra praia fabulosa é a da Baía de Tanjung Rhu, onde se localizam os outros dois hotéis, que na minha opinião, encerram a lista das quatro melhores unidades hoteleiras de Lankgawi: The Four Seasons Kuala Lumpur e The Tanjung Rhu Resort.

Obviamente que outras praias e hotéis existem que são muito bons em qualquer parte do mundo, como é o caso dos que se encontram na costa Oeste, mas a norte da ilha há qualquer coisa de distinto que nos atrai...

Os mangues são semelhantes aos dos rios e braços de mar que existem no Brasil, mas tenho que admitir que estes despertam ainda mais interesse pela sua superior biodiversidade, essencialmente animal.



Aqui encontramos uma das mais numerosas colónias de morcegos da região, estrategicamente suspensos de cabeça para baixo, nas cavernas rochosas mais escuras e húmidas. Outra das colónias animais com maior expressão no ecossistema dos mangues são os primatas que baloiçam os vistosos e exuberantes, galhos dos arbustos e árvores.

Claro está que não podemos esquecer as aves de rapina, que aqui encontraram um habitat perfeito para o seu desenvolvimento, com uma alimentação diversificada, na qual se incluem os peixes.



Uma vez mais o Homem acaba por intervir na cadeia alimentar e modo de vida destes animais, quanto mais não seja pelo aproveitamento que as aves de rapina fazem do turbilhão momentâneo das águas, resultante do efeito dos motores dos barcos, permitindo uma mais fácil captura de peixes.

Os mangues parecem abrir caminhos em todos os sentidos e levam ao encontro da água salobra com o mar, cujas águas são rompidas por numerosos e gigantescos blocos de rocha, de forma vertical, à semelhança de outros locais na Ásia, como é o caso da Baía de Halong Bay, no Vietname.



As Cataratas de Telaga Tujuh (que em malaio significa «sete piscinas»), na ponta Noroeste da ilha, elevam-se a mais de 90 metros de altura, em vários níveis que permitem criar 7 piscinas naturais de água cristalina, em pequenas bacias de rocha escura, frequentadas segundo a lenda por 7 fadas, que ali vinham banhar-se.

Estas cascatas tem origem no interior da mata tropical, acabando por desaguar no mar ao final de alguns kms. Hoje estão inseridas num agradável parque natural, com uma vista soberba sobre a linha costeira.



Na ponta Sudoeste da ilha fica a maior cidade Kuah Town, onde o movimento dos carros se intensifica. Daqui zarpam também os ferries que permitem a ligação ao continente e a diversos pequenos arquipélagos de minúsculas ilhas, maioritariamente designadas por Pulaus. Um deles é Pulau Payar, cujo ecossistema e em particular a biodiversidade subaquática é simplesmente fantástica, não ficando em nada a dever ao que tive oportunidade de conhecer na província de Yucatán (México), na Ilha Saona (República Dominicana), Recife de Fora (Brasil), atóis das Maldivas, entre tantos outros que tive oportunidade de conhecer.

Para quem não faz mergulho regulamente esta é mais uma boa surpresa e uma oportunidade única de mergulhar e nadar entre gigantescos cardumes de peixes coloridos e observar algumas espécies de tubarões que ali habitam.

21 Comments:

At quarta-feira, 16 agosto, 2006, Anonymous Anónimo said...

Malasia ora aí está um sitio que adorava ir, já lá estive perto, em singapura ... quem sabe da proxima !! ;)

Abraço
Quico

 
At quinta-feira, 22 fevereiro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Eu estava mesmo a pensar ir para esses lados. Estou na China e também sinto que o mundo é mesmo muito pequeno. Não sou agente secreto mas realmente o Mundo Não Chega! Abraço!

 
At quinta-feira, 08 novembro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Vou na terça feira dia 13 de Nov. 07 precisamente para KL e depois para o THE DATAY com o mau marido. Já tinha lido muito sobre Langkawi e este seu trabalho deixou.me ainda mais feliz com as férias que planeamos. Obrigada, Ana

 
At quarta-feira, 14 novembro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Olá Filipe, também adoro viajar e acabei de chegar de viagem... ao fazer uma pesquisa no google cheguei ao teu blog!

Estive em Langkawi, Kota Kinabalu e Kuala Lampur.
A Malásia é tudo o que descreves e é fantástica... a primeira lembrança passadas poucas horas de ter chegado é a simpatia das pessoas!!!
Muito à frente.
Boas viagens, virei mais vezes visitar-te.
Lurba

 
At quinta-feira, 15 novembro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Kuala Lumpur, claro!!!
O Jet-lag é por mais uns dias a minha desculpa para algumas, pequenas, asneiras!!! ;-D

 
At domingo, 18 novembro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Quando fizerem um comentario, deixem um e-mail para poder responder.

Obrigado

 
At domingo, 25 novembro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Oooopsss!
Mea culpa, mea culpa... ;-D
Cá está:
lurba2006@hotmail.com

Bjnhos e Bom fim de semana.
Lurba

 
At quarta-feira, 14 maio, 2008, Blogger Rodrigo Rosa Rodrigues said...

Não sei como, nem de onde surgiu a ideia, mas estamos muito satisfeitos com a ideia de ir à Malásia em lua-de-mel.
Será só no final de Setembro deste ano, mas já estamos em pulgas...
Podemos trocar o mail com alguns de vós para questões mais particulares acerca quer de segurança, quer dos própirios destinos?
Será Langkawi preferível a Kota Kinabalu? ou Kota Bharu?
Quantas horas são de vôo?
Enfim, todas as questoes habituais de quem espera por "aquela viagem"...

Ana & Rodrigo

 
At quinta-feira, 15 maio, 2008, Blogger Filipe Arouca said...

Ana e Rodrigo,

Deixe-me o vosso e-mail que terei todo o gosto em ajudar.

Filipe

 
At domingo, 20 julho, 2008, Anonymous Anónimo said...

ola :)
estou a pensar ir a malasia mas tenho algumas duvidas.
de kuala lumpur a langkawi e a penang , qual é a distancia? é necessário ir de aviao,não há possibilidade de ir de carro, ou fica demasiado longe? aqui deixo o meu e-mail. anacustodio0209@hotmail.com obrigada pela ajuda ;) e boas viagens

 
At sábado, 30 agosto, 2008, Anonymous Anónimo said...

Ola! Gostei muito de ler, porque estamos a pensar numa viagem a malasia em Outubro...
Tenho uma duvida sobre a alimentação, já que grande parte dos hoteis sao apenas com peq. almoço.. Come-se bem, e barato ou mais caro? Compensa pagar o suplemento para pensao completa? mlucinda7@gmail.com
Obrigada, bons passeios

 
At quinta-feira, 17 setembro, 2009, Blogger Coisas de Xicas said...

Olá Filipe!

Juntando o últil ao agradável (férias nos primeiros 10 dias de Dezembro e estadia oferecida por um amigo em Kuala Lumpur) eu e 2 amigas acabámos de fazer a reserva para a Malásia! E estamos em euforia :) Ainda não temos nada definido, temos 2 meses para planear o roteiro, a questão é que, depois de iniciar a minha pesquisa (parabéns pelo blog!) estou com algum receio de nos termos precipitado devido à possibilidade de mau tempo...

Fico a aguardar a sua opinião para joaniguana@hotmail.com (espero que encorajadora!!)

Obrigada e bom trabalho

Joana G.

 
At quarta-feira, 06 outubro, 2010, Anonymous Anónimo said...

Boa dica!!! Estou de malas prontas para a malásia e gostei d ver o que escrevestes.
A Karina Kovalick do blog Sushi de Banana http://oglobo.globo.com/blogs/sushidebanana/post.asp?cod_post=327864, do jornal brasileiro O Globo, tem um artigo muito interessante, belas fotos.
Obrigada e boas viagens,
Matheus

 
At terça-feira, 18 janeiro, 2011, Blogger Inês said...

Olá,

Tenho viagem marcada para Kuala Lumpur e Langkawi para Maio deste ano. Será a melhor altura para visitar a Malásia? O meu maior receio são as Chuvas.

Aguardo uma resposta

Obrigada

Inês

mendonca.mines@gmail.com

 
At quarta-feira, 19 janeiro, 2011, Anonymous Anónimo said...

Olá Inês,

A época das chuvas afecta mais directamente a costa oeste entre Maio e Setembro, e a costa este entre Novembro e Fevereiro. No entanto Maio é apenas o início da época das chuvas...
Estamos a falar de um país tropical pelo que as temperaturas não serão grandemente afectadas. deve lembrar-se também que é comum chover diariamente, e irá dar graças por essas chuvas refrescantes.

Maio é um mês da celebração a nívelk nacional COLORS OF MALAYSIA, música, dança, gastronomia;e o VESAK que é a mais importante celebração Budista do ano.

Há sempre bons motivos para ir à Malásia, em qualquer época do ano.

Qualquer coisa...

Rodrigo

 
At segunda-feira, 26 março, 2012, Anonymous Anónimo said...

Oi, aproveitando de sua experiência, gostaria de obter informações sobre uma viagem a Malasya no final de maio ou começo de junho...e o tempo, como será?. Meu e-mail egipcia222@hotmail.com.
Cleane

 
At domingo, 17 fevereiro, 2013, Anonymous xuxu19 said...

ola filipe, estive a ler o seu blog mais concretamente malasia, e percisava da sua ajuda, nao é mais que pedir opinião sobre kuala lumpur e langkway, é a primeira vez que vou para tao longe e para quem ja la esteve, o seu caso, toda a experiencia conta muito, o meu email é xuxu19@gmail.com. um grande abraço aguardo contacto

 
At segunda-feira, 01 abril, 2013, Anonymous Anónimo said...

Alo Filipe.. Vou a KL e a langkawi, quero concelhos sobre hoteis em Langkawi, 5 ou 4 estrelas, q tenha uma boa piscina, spa,uma praia limpa q da pra mergulho e que nao tenham vida animal( tipo macaco, entre outros q ficam ao redor do hotel)... Agafar2211@hotmail.com

 
At segunda-feira, 01 abril, 2013, Anonymous Anónimo said...

Email: agafar2211@hotmail.com

 
At domingo, 22 dezembro, 2013, Anonymous Anónimo said...

Gostava de se saber se novembro e boa altura

 
At sábado, 05 novembro, 2016, Blogger Mário Russo said...

Excelente relato. Uma prosa de qualidade, transparente e meridianamente precisa. Visitei KL e vários dos locais descritos e o texto é de uma clareza impressionante. Parabéns. Dá gosto ler.

 

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